Quanto valem 50 euros? Uma carta à Vodafone.

Vodafone: Quanto valem 50 euros? Quanto vale para ti um cliente? Quanto gasta cada operadora de telecomunicações a adquirir clientes? Quanto gastam a patrocinar festivais, a organizar eventos, a promover serviços? Quanto gastam nas equipas de vendas para nos incentivarem a mudar de rede? A resposta pouco redonda é: muito. Vodafone: quanto valho para ti? Esta semana descobri que valho muito pouco, quase nada.

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Hoje, sim, hoje sinto vergonha de ainda estar fidelizado a um contrato com uma operadora de telecomunicações que até então me parecia a mais profissional a trabalhar em Portugal. A reputação tem destas coisas: pode demorar anos a ser construída e, num simples gesto, numa ação mal planeada, num erro, num abuso, num acesso de egoísmo, numa mentira, numa falta de coerência, tudo se perde. Posso ser apenas um. Mas um mais um podemos ser muitos. Merecemos mais e merecemos melhor. O Sexta às Nove da RTP, esta sexta-feira, deixou isso bem claro: as operadoras têm imenso poder. E nós, consumidores, somos apenas mais um.

http://www.rtp.pt/play/p2283/e222729/sexta-as-9

Esta semana, querida Vodafone, recebi uma carta de um parceiro teu, e depois uma carta tua, muito solícita a dizer que devo 50 euros e mais uns cêntimos. Liguei para o serviço e descobri que essa mesma dívida, para minha surpresa, não é do número particular que uso. Tudo em conformidade quanto a isso. Descobri que, quando em 2008 me foi atribuído um número pela entidade patronal com a qual estava ligado contratualmente na época, e que me permitia ligar gratuitamente para toda a equipa com que trabalhava, aparentemente existia um período de fidelização. Porém, quando os termos do contrato se alteraram sem aviso, a entidade patronal decidiu mudar de operador. Por consequência, todos os funcionários mudaram também. O número terá continuado existir até as faturas de 0 euros deixarem de chegar (ou talvez o tenha cancelado, não me recordo). Aceito que talvez a entidade patronal nos devesse ter esclarecido melhor. Talvez ela seja a responsável. Não sei. Sei que liguei para o número de Apoio ao Cliente e me informaram que quebrei o contrato e que não cumpri a fidelização até ao fim.

Vodafone, sou teu cliente, há pelo menos 2 anos e meio e fui teu cliente antes. Avisaste-me desta dívida? Não. Informaste-me quando enviaste a carta a que número se referia? Não. Mostraste ao cliente (eu) como é que chegaste a esse valor 50 euros? Também não. A única coisa que fizeste foi enviar-me uma carta a dizer em bom português: tens uma semana para pagar ou “vamos em cima de ti”, porque a lei permite e nós temos razão. Segunda-feira vou saber mais.

Uma empresa que valoriza o seu cliente, antes de o ameaçar, avisa-o, questiona-o, tenta perceber o que se passa, tal e qual agora fazes se me atrasar com um pagamento. Mais, se não pagar tenho que pagar justíssimos 2,5 euros para reativar o cartão. Tudo justo e aceitável.

Vodafone, eu acredito que os milhares de euros, que poderás receber se todos os funcionários da instituição para qual trabalhei te pagarem, sejam mais apetecíveis e se calhar justos. A lei é a lei. Mas, nada justifica o tom e a forma como agiste, após quase 8 anos. A meu ver, é injusto.

Sinceramente, espero que esta carta te encontre bem, de saúde, cheia de “Power to you”. Esta segunda-feira receberás um telefonema meu e depois vou decidir. Se optar por pagar podes ter a certeza de que, em junho, quando o contrato de fidelização terminar, a nossa relação acabou.

Paulo Salgado

P.S. Espero que este texto te custe bem mais do que 50 euros.

P.P.S. Para os que lerem este texto e se identificarem, gostaria que partilhassem.

Nota: O motivo pelo qual escrevo este texto, antes de esperar por segunda-feira para contactar a Vodafone, é o mesmo motivo que levou a Vodafone a enviar uma carta de cobrança sem me avisar.

 

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