Porto. Obrigado Ryan Air pela revolução no mercado das transportadoras aéreas que permitiu às pessoas, um pouco por toda a Europa, a viajarem de forma mais económica para um leque muito mais alargado de cidades. (Parecia impossível, não parecia?) Mais viagens, mais cultura, mais conhecimento, mais relacionamentos, melhor economia e um Porto finalmente no mapa mundial dos destinos turísticos obrigatórios (Quem diria?).
Obrigado Rui Moreira por compreender a cidade, por compreender o Porto, por compreender a nossa região, por compreender o que é a cultura, por uma postura apartidária, por uma voz contra interesses instalados e por saber que nem só de Lisboa vive o país. Rui Moreira gosta genuinamente do Porto e a cidade, através dos seus habitantes, reconhece-lhe a voz, reconhece-lhe os motivos, identifica-se e agradece. Uma comunicação clara, com alma, incisiva. Sabe o que quer e eu gosto disso. E, assim, imagem a imagem, peça a peça, bloco a bloco se “constrói” uma reputação.
A visão estratégica (quando existe) pode e deve ser apoiada por uma oferta de mercado clara, por uma comunicação autêntica, objetiva e que seja facilmente percebida pelo seu público-alvo.
Qual a relação entre a Ryan Air e Rui Moreira? Para mim são um símbolo de que é possível fazer as coisas de forma diferente (para melhor), representam inovação e representam uma oportunidade de valorizarmos aquilo que é nosso. Significam o agitar dos mercados, dos contextos, dos cenários. São a prova de que o mundo das marcas, o mundo da política, o mundo das organizações estão interligado e muitas vezes padecem dos mesmos problemas.
Quando há visão, quando há coragem e quando não estamos acomodados, estão criadas as condições para o verdadeiro empreendedorismo, seja ele económico, social ou até político.
Foi preciso a Ryan Air chegar ao Porto, para que passasse a ser possível a qualquer pessoa do Norte do país chegar a Faro sem passar por Lisboa, Madrid ou Londres. Foi preciso a Ryan Air chegar a Portugal e inaugurar as viagens low-cost Porto-Lisboa, para a CP perceber que afinal era importante atribuir descontos às viagens de Alfa Pendular entre Lisboa e Porto. Quando há uma empresa ou duas a dominarem completamente os mercados, a tendência é para os mercados serem mais estáticos e mais resistentes à inovação. Vem nos livros. Porquê? Porque nesse caso, a mudança não é um objetivo de quem domina (a estabilidade é muito mais interessante…e o lucro). Basta pensarmos no que acontece no mercado da energia ou das telecomunicações.
Agora, perante o sucesso das viagens Ryan Air entre Lisboa e Porto, e face à contestação de Rui Moreira, a TAP avança com a possibilidade de um shuttle Porto-Lisboa de hora a hora. É bom, é (Rui Moreira diz que é bom para a White, a empresa de um dos mais recentes acionistas, que tem aviões parados no Brasil). O preço, bem… esse está longe de ser ótimo. O que questiono é: quantos anos? Quantas décadas foram precisas para perceber o óbvio? Ou será que vamos andar a discutir o TGV outra vez?
Convém também salientar que Rui Rio, ao seu estilo, teve um trabalho meritório à frente dos destinos da cidade e terá deixado o terreno bem preparado para o projeto que agora se segue. No entanto, acredito que Rui Moreira percebe melhor a cidade, percebe melhor a sua identidade e que acredita num dos maiores bens que temos no Porto: as pessoas e a sua cultura. Além disso, comunica melhor.
Obrigado Ryan Air e obrigado Rui Moreira por acreditarem num Porto afirmativo e por perceberem que as cidades, como marcas (e as suas pessoas), são um capital que deve verdadeiramente ser valorizados, defendidos e potenciados.
imagem:
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Não sou do Porto mas este texto dá-me vontade de viver lá. O Norte é uma Nação!
Obrigado António pelo comentário. Se calhar aqui pelo Porto ainda acreditamos que vale a pena não andar conformado. Confirma-se que é bom ter um Presidente da Câmara que efetivamente gosta da cidade.
Gostei do texto :
“Foi preciso a Ryan Air chegar a Portugal e inaugurar as viagens low-cost Porto-Lisboa, para a CP perceber que afinal era importante atribuir descontos às viagens de Alfa Pendular entre Lisboa e Porto. ”
Uma vergonha de preço praticado pela CP.
Verdade. Só depois de perderem o monopólio das viagens é que se lembram do cliente.
Está na altura da Ryanair começar a pensar nos destinos Intercontinentais a partir do Porto.
Força Ryanair, força Rui Morrira.
Creio já existirem planos para que num futuro próximo isso aconteça. Com a TAP é que não vamos lá.
Bom texto, sou de Lisboa, embora atualmente a viver fora do país, os ultimos anos que vivi em Portugal vivi no Porto. Não sendo portista, nem do Porto, tenho um orgulho enorme na cidade e no seu presidente, pessoa que se nota claramente que está pela cidade e não pelos interesses. Sou cliente da RyanAir e só espero voos intercontinentais para breve, uma vez que já conseguiram acabar com o monopólio do Porto / Lisboa
É um desejo de todos que as companhias low-cost, assim que tenham mais aviões, tentarão concretizar. Os mercados são assim. As nossas empresas que detêm os monopólios é que acreditam que não inovar e não valorizar o cliente é melhor.
Parabéns pelo texto sincero e transparente. A ambos e ao Paulo o meu agradecimento.
A TAP segue o seu caminho e nós do NORTE (como os do Sul gostam de nós chamar) seguimos o nosso. Business as always!
Obrigado pelas palavras. A visão estratégica é algo que não surpreende.
Bora lá avançar para viagens entre Portugal e Suiça. Acabar com o monopólio da easyjet e tap. Os preços em todas as épocas festivas são ridículos! Mais vale viajar para as Caraíbas, fica mais barato…
Excelente ideia.