Julen Lopetegui ao ataque? A resposta.

Julen Lopetegui ao ataque? O técnico espanhol concedeu uma entrevista ao diário desportivo As.com (deixarei o link abaixo). A sua entrevista é naturalmente um primeiro ato de gestão de impressões, isto é, da sua imagem pessoal desde que abandonou o cargo de treinador do FC Porto. O conteúdo é forte.

lopetegui
Julen Lopetegui ex-treinador do FC Porto

Uma breve leitura dos Órgãos de Comunicação Social em Portugal poderá levar-nos a uma interpretação precipitada da postura do treinador espanhol: “em vez de celebrarmos queriam saber se jogava um miúdo da formação” (Record) ou “tínhamos necessidades mais importantes que Imbula”(Maisfutebol). Esta simples leitura relembra-me um Lopetegui zangado com o mundo, chateado com as mais recentes respostas de Jorge Nuno Pinto da Costa.

O meu olhar, de quem vive a comunicação, diz-me que Lopetegui, mais do que atacar, quis-se defender e promover a sua imagem no mercado que mais lhe interessa: o espanhol. Em Portugal, e em especial, os portistas (nos quais assumidamente me incluo) acharão que está errado e que os seus argumentos são pouco convincentes. Lamento informar, mas o FC Porto, os adeptos portugueses, a comunicação social nacional, não são (e provavelmente nunca forma) o público-alvo do treinador basco. Agora, mais do que nunca, pouco lhe interessará o que nós pensamos ou deixamos de pensar.

Para mim, a novidade é o tom cordial, sincero, com algumas frases elogiosas para com o presidente do FC Porto, estrutura do clube e adeptos. Exigência é sempre um bom termo. O Lopetegui, sentado em frente à câmara do AsTV, nunca esteve em Portugal. Eu nunca o vi. Vi outra personagem: irascível, impulsivo, com dificuldade em defender-se, a sentir-se incompreendido (quando não nos esforçamos para perceber a cultura de um outro país, talvez seja isto que acontece). Este facto demonstra falta de preparação para um desafio e pressão, um pouco do problema que Vítor Pereira, noutros moldes, também enfrentou.

Lopetegui está calmo (terá sido aconselhado a isso) diz o que pensa, mas nunca é agressivo. Ao contrário da sua postura no banco de suplentes, que demonstra instabilidade constante, impulsividade e, (sou eu a adivinhar) um excesso de reforço negativo. Aliás, acrescento: Lopetegui é mesmo capaz de sorrir. Uma surpresa. Ele sabe que falhou, está a gerir os danos e a responder ao “convite” que foi feito pelas declarações de Pinto da Costa, durante esta semana.

Os argumentos são válidos? Quanto às saídas dos titulares sim (Jackson, Danilo, Alex Sandro…) Pois, mas Lopetegui aproveita e acrescenta o nome de Quaresma. Conveniente. Se Pinto da Costa está mal aconselhado? Provavelmente, se não (ou caso contrário) não o teria contratado. Nem tão pouco ao brilhante Adrián Lopéz. Quanto a Imbula, não interessa se é um Ferrari ou não, importa é que a globalidade dos jogadores evolua, que existam processos e métodos de treino. A contratação de jogadores não resolve o que o treinador não faz. Em síntese, creio que alguns argumentos são válidos, sim, mas que há toda uma incoerência de comportamentos, atitudes, postura, e incapacidade de reconhecer erros que Lopetegui, agora estrategicamente, serenamente omite.

Para o seu futuro, a entrevista é boa  e tem a peculiaridade de mostrar um treinador que no meu mundo não existe. Para FC Porto, as respostas serão, quiçá, incómodas, mas a imagem de Lopetegui junto dos adeptos, estrutura azul e branca e comunicação social, está tão gasta, que a forma como está a ser apresentada, acaba por ser conveniente para que nunca mais nos lembremos dele.

P.S. Recomendo a visualização da entrevista (pelo menos uns minutos para observar o tom, calma e postura):

http://futbol.as.com/futbol/2016/01/28/internacional/1454013517_970820.html

imagem: oonze.pt

#lopetegui #fcporto #comunicação #reputação

 

 

 

1 Comment

  • Miguel Faria

    Só falta saber para quando a entrevista a um órgão de comunicação social PORTUGUÊS… Acho que até para ele seria melhor.

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